O futebol europeu vive dias turbulentos, e a faísca da mais recente crise foi acesa por uma voz influente: Adrien Rabiot, meio-campista da Juventus e da seleção francesa. Em entrevista ao Le Figaro, o jogador classificou como “completamente louca” e “absurda” a proposta da Série A de levar um jogo oficial do campeonato italiano para a Austrália.
A declaração de Rabiot vai muito além de uma simples crítica — ela escancara o conflito crescente entre interesses comerciais e a integridade esportiva dos atletas, reacendendo o debate sobre até onde o futebol pode ir em nome do lucro.
A bomba de Rabiot: “Completamente louco e absurdo!”
A Série A planeja realizar em fevereiro de 2026 um confronto entre AC Milan e Como em Perth, Austrália, justificando a decisão como parte de uma estratégia para “expandir a marca globalmente”.
Mas para Rabiot, a ideia beira o irracional.
“É completamente louco”, afirmou o francês. “Existem acordos financeiros para garantir visibilidade à liga, mas tudo isso está além do nosso controle. É uma loucura viajar tantos quilômetros para jogar uma partida entre duas equipes italianas na Austrália.”
O meio-campista também denunciou a hipocrisia das autoridades do futebol, que ao mesmo tempo afirmam se preocupar com a saúde dos jogadores.
“Fala-se muito sobre calendários e a saúde dos atletas, mas tudo isso parece realmente absurdo.”
O fardo invisível dos atletas de elite
A crítica de Rabiot ecoa um problema recorrente: o desgaste físico e mental dos jogadores em um calendário cada vez mais insano. Jogar um duelo oficial a mais de 15 mil km de distância do país de origem não é apenas desconfortável — é prejudicial em múltiplos níveis:
Jet lag severo: Viagens de mais de 20 horas desregulam o ciclo circadiano, afetando sono e desempenho.
Risco de lesões: O cansaço somado à rápida mudança de fuso horário eleva drasticamente as chances de contusões musculares.
Quebra de rotina: Treinos, alimentação e descanso são totalmente comprometidos.
Desgaste mental: A pressão por performance após longas viagens gera sobrecarga psicológica invisível.
Guerra de gigantes: ligas, UEFA e jogadores em rota de colisão
A Série A não é a única a flertar com a globalização de seus jogos. A La Liga também tentou levar partidas para Miami (EUA), enquanto outras ligas analisam iniciativas semelhantes. O objetivo é claro: conquistar novos mercados e receitas milionárias de transmissão.
Contudo, a UEFA e várias associações nacionais demonstram resistência. Em comunicado recente, a entidade europeia afirmou ter aprovado “relutantemente” o pedido da liga italiana, mas reforçou sua “oposição clara” à prática — classificando-a como uma ameaça à integridade esportiva.
O cenário global: um jogo de visões
Abaixo, um panorama das principais ligas e suas posições sobre jogos oficiais fora do país de origem:
| Liga | Posição sobre jogos no exterior | Exemplo / Status atual |
|---|---|---|
| Série A (Itália) | A favor | Plano para Milan x Como em Perth, Austrália. |
| La Liga (Espanha) | A favor | Tentativas em Miami com Villarreal x Barcelona. |
| Premier League (Inglaterra) | Neutra / resistência dos clubes | “Projeto 39º Jogo” em 2008 foi abandonado após forte reação pública. |
| Bundesliga (Alemanha) | Contra | Regulamento da DFL proíbe jogos oficiais fora da Alemanha. |
Essa disputa expõe um dilema profundo: o futebol é um esporte ou um produto global?
O dilema do futebol moderno: dinheiro versus alma
A defesa da Série A é pragmática — atrair novos públicos, fortalecer patrocínios e impulsionar transmissões internacionais. Mas a fala de Rabiot traduz o sentimento de muitos jogadores e torcedores: o futebol está perdendo sua essência.
Para os clubes e ligas, o lucro fala mais alto. Já para quem vive o jogo dentro de campo ou nas arquibancadas, a mercantilização ameaça destruir o que torna o futebol único — sua conexão emocional com a comunidade.
Comparativo de perspectivas:
| Visão | Prós | Contras |
|---|---|---|
| Ligas (Comercial) | Novos mercados, receitas, parcerias globais | Rejeição dos torcedores, cansaço dos jogadores |
| Jogadores (Humana) | Nenhum | Desgaste físico, risco de lesões, estresse mental |
| Torcedores (Tradicional) | Nenhum para os locais | Perda da identidade, custos elevados, afastamento do clube |
FAQ — Perguntas frequentes
1. Qual jogo a Série A planeja levar para a Austrália?
O duelo entre AC Milan e Como, previsto para fevereiro de 2026, em Perth.
2. Por que Adrien Rabiot criticou a ideia?
Ele considera a proposta “louca” e “absurda”, destacando os riscos físicos e o desrespeito à saúde dos atletas.
3. A UEFA aprova jogos de ligas nacionais fora da Europa?
Não totalmente. A entidade aceitou o pedido da Série A “em caráter excepcional”, mas mantém oposição oficial.
4. Outras ligas também planejam jogos no exterior?
Sim. A La Liga da Espanha já tentou levar partidas aos EUA, mas enfrenta resistência jurídica.
5. A FIFA pode barrar a partida?
Sim. A decisão final depende da FIFA, que avalia o impacto esportivo e regulatório global.
Conclusão
O desabafo de Adrien Rabiot é o reflexo de uma tensão crescente entre negócios e essência esportiva. O futebol moderno caminha perigosamente entre o espetáculo global e a perda de sua alma local.
A Série A pode ver na Austrália uma vitrine lucrativa, mas os torcedores e atletas enxergam um risco existencial. A questão que ecoa é simples: até onde o futebol pode viajar sem se perder no caminho?
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