Mesmo após vitória por 3 a 0 sobre o País de Gales, técnico alemão se diz “decepcionado” com a falta de vibração das arquibancadas do lendário estádio.

Uma goleada sem alma

Uma vitória incontestável, três gols em menos de 20 minutos e uma atuação digna de aplausos. Ainda assim, o técnico Thomas Tuchel deixou o gramado de Wembley com uma sensação amarga. Após o 3 a 0 da Inglaterra sobre o País de Gales, o treinador criticou duramente a apatia da torcida inglesa, classificando o ambiente como “silencioso e sem energia”, mesmo diante da exibição dominante de sua equipe.

“Estávamos 3 a 0 muito rapidamente, mas poderíamos ter feito quatro ou cinco antes do intervalo. Quando não conseguimos marcar o quarto, o quinto gol, o estádio ficou em silêncio. Silêncio. Nunca recebemos energia de volta dos torcedores”, lamentou Tuchel à ITV Sport.

O contraste foi chocante: um time que encantava em campo, mas um público que parecia indiferente. Para Tuchel, a falta de vibração não apenas destoou da performance, como também prejudicou o ímpeto da equipe na segunda etapa.

O “teto que não caiu”

A Inglaterra começou em ritmo frenético, com gols de Morgan Rogers, Ollie Watkins e Bukayo Saka. Tudo indicava que Wembley viveria uma noite eletrizante. Porém, após os primeiros minutos, a atmosfera do estádio murchou — e Tuchel não deixou de notar.

“Estávamos 3 a 0 após 20 minutos, recuperando bola após bola, e eu pensei: ‘por que o teto ainda está no estádio?’”, ironizou o técnico.

Segundo ele, a falta de energia das arquibancadas teve reflexos diretos na intensidade da equipe:

“Foi difícil manter tudo funcionando no segundo tempo”, reconheceu.

Pior ainda foi o momento em que o treinador percebeu que os torcedores de Gales faziam mais barulho que os ingleses. “Após meia hora, só conseguíamos ouvir os torcedores adversários. Isso foi um pouco triste porque o time merecia mais apoio hoje”, completou.

Tuchel tenta equilibrar críticas e elogios: “Amo os torcedores ingleses”

Apesar do tom duro, o treinador buscou equilibrar o discurso. Ele destacou que sua crítica não foi à paixão dos fãs ingleses, mas ao desempenho pontual da torcida naquele jogo específico.

“Eu amo o futebol inglês, amo os torcedores e o apoio que eles dão. Mas acho que hoje a atmosfera não correspondeu ao desempenho em campo”, afirmou.

Tuchel ainda mostrou confiança de que o episódio foi isolado:

“Tenho 100% de certeza de que teremos um apoio fantástico no torneio. Tivemos um apoio excelente na Sérvia, e espero o mesmo na Letônia.”

Sua fala reflete o desejo de ver Wembley vibrar como nos velhos tempos, quando o “roar” da torcida inglesa era uma arma temida em todo o mundo.

O apelo de Tuchel: reacender o “12º jogador” da Inglaterra

Mais do que uma reclamação, as palavras de Tuchel soam como um alerta sobre a relação entre time e torcida. O técnico alemão sabe que o sucesso de uma seleção não depende apenas da tática, mas também da paixão das arquibancadas — o famoso “12º jogador”.

Em tempos de ingressos caros e atmosfera corporativa em estádios, o desafio é resgatar a espontaneidade do apoio. Tuchel deixou claro: sua equipe continuará fazendo o possível para ser “contagiante”, mas espera reciprocidade.

“A responsabilidade é nossa, mas hoje fiquei um pouco decepcionado”, concluiu.

A próxima partida da Inglaterra, contra a Letônia, será mais do que um simples compromisso. Será um teste de fogo para a alma de Wembley — a chance da torcida mostrar que o templo do futebol ainda pode tremer de paixão.

Conclusão: um chamado à paixão perdida de Wembley

As palavras de Tuchel não soam como uma simples crítica, mas como um pedido sincero por mais emoção. O técnico alemão quer ver um estádio vivo, pulsante, que inspire seus jogadores a irem além.
Em tempos de futebol globalizado e estádios cada vez mais silenciosos, o apelo de Tuchel é um lembrete: sem torcida, o futebol perde sua alma.

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